Apesar de parecer um problema restrito ao passado, a tuberculose ainda é uma doença comum e que provoca diversas mortes todos os anos. De acordo com dados da OMS, o Brasil é o segundo país no mundo que mais registra óbitos pela doença. Apenas em 2020, por exemplo, houve quase 69 mil novos casos da doença e cerca de 4,5 mil mortes por causa dela em todo o país. Nesse contexto, o acesso ao tratamento adequado torna-se fundamental, já que a tuberculose pode ser curada com o uso de medicamentos.
O pneumologista Dr. João Carlos de Jesus explica que a tuberculose é causada pela infecção por uma bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis. A doença costuma afetar principalmente os pulmões, mas também pode chegar aos ossos e articulações, ao cérebro, aos rins e ao intestino. Quando o paciente é infectado pelas vias aéreas, a bactéria inalada pode se proliferar no pulmão formando nódulos e áreas com pneumonia. A infecção também leva à destruição das membranas pulmonares, que por sua vez causa sangramentos. “No paciente com tuberculose pulmonar, sintomas comuns são tosse há mais de 3 semanas; perda de peso sem motivo; transpiração noturna sem motivo aparente; perda de energia e fraqueza progressiva”, detalha o médico.
O diagnóstico da tuberculose se inicia com a suspeita clínica. Em seguida, o médico pede por exames de imagem como raio-x ou tomografia de tórax. Nesses exames, é possível identificar lesões pulmonares características da tuberculose. Quando elas estão presentes e a suspeita da doença ganha força, é solicitada uma análise laboratorial do escarro do paciente. Também pode ser feito um procedimento chamado broncoscopia para coletar material diretamente do pulmão e mandá-lo para análise. Alguns desses exames saem rapidamente, mas outros podem demandar um tempo maior no laboratório.
Dr. João Carlos também conta que o tratamento da tuberculose precisa levar em conta o local infectado e o tipo de paciente que adoeceu. “Se este for um paciente imunossuprimido, o tempo do tratamento deverá ser prolongado”, explica. No entanto, para a maioria dos casos de tuberculose pulmonar, um tratamento de seis meses com antibióticos é suficiente. Diversos medicamentos são combinados e têm suas dosagens ajustadas, ao longo desse período, de acordo com a resposta do paciente.
Quando o tratamento é feito corretamente, a bactéria morre e as áreas danificadas cicatrizam, deixando o paciente curado. Dr. João Carlos de Jesus pontua que o diagnóstico precoce da tuberculose também é fundamental para evitar sequelas, já que o agravamento da doença pode levar ao surgimento de escavações pulmonares que podem ficar abertas mesmo após a cura. “Não é raro encontrarmos pacientes com sequelas pulmonares que claramente são resultado de uma tuberculose talvez não tratada na infância”, destaca o pneumologista. Ele lembra, ainda, que a doença é infecciosa e que, por isso, o tratamento correto também tem a importância de quebrar a cadeia de transmissão.
O médico reforça também que a tuberculose é muito frequente no Brasil, afetando principalmente pessoas que vivem aglomeradas e em condições precárias. “É importante salientar que todos estão sujeitos a se contaminar pela bactéria da tuberculose. Aqueles que têm um contato mais íntimo com alguém com suspeita ou diagnóstico de tuberculose também deve passar por uma triagem”, alerta.