Os hormônios são substâncias que controlam boa parte das funções de nossos corpos e que, portanto, são fundamentais para a nossa saúde. Apesar disso, são vários os fatores que podem atrapalhar o equilíbrio hormonal, levando a consequências negativas para a saúde. Esse tipo de problema é mais comum do que parece, e nem sempre é tratado da forma correta. Dados sobre o hipotireoidismo (produção de hormônios da tireoide abaixo do normal) exemplificam essa situação: dos mais de 4,7 milhões de brasileiros com a doença, 25% não fazem tratamento. Destes, 34% afirmam desconhecer as consequências do problema.
O médico do esporte Dr. Lucas Caseri explica que os hormônios são “mensageiros químicos” produzidos pelas diversas glândulas que temos no corpo. “Os hormônios produzidos nas glândulas então caem na corrente sanguínea e viajam até outros órgãos, onde vão ter a sua ação”, detalha. Ele também aponta que funções do corpo como o sono, a digestão, o crescimento, a reação ao estresse e o desenvolvimento de características masculinas ou femininas estão todos ligadas à ação de hormônios.
O especialista acrescenta que os chamados “distúrbios hormonais” podem ser de dois tipos: ou de falta ou de excesso de um hormônio. “Temos parâmetros mínimos e máximos que às vezes variam ao longo do dia ou do mês, como no ciclo menstrual. Os hormônios precisam ficar dentro desses parâmetros normais”, explica
Esses distúrbios podem acontecer tanto em homens quanto em mulheres, em diferentes fases da vida. Eles podem ser provocados tanto por fatores genéticos quanto pelos hábitos e fatores ambientais. Com o envelhecimento, mudanças nas taxas hormonais também costumam ocorrer. Dr. Lucas Caseri destaca que tanto a obesidade quanto a magreza excessiva são fatores que podem prejudicar o equilíbrio hormonal. “Uma obesidade infantil, por exemplo, pode desregular uma série de hormônios, como os da tireoide e a insulina”, afirma.
Outros fatores importantes, de acordo com o médico, são o sono adequado e o controle do estresse. “Esses dois fatores são fundamentais e podem acarretar em alterações importantes, por exemplo, de hormônios sexuais como testosterona”, detalha. “O déficit de sono e o estresse muito elevado podem contribuir para baixar a testosterona e aumentar os hormônios como o cortisol, que favorece uma alteração no sistema imunológico e predispõe a mais infecções”.
Dr. Lucas Caseri acrescenta que nem todos os fatores que determinam problemas hormonais podem ser controlados, mas destaca que um estilo de vida saudável, com sono adequado, alimentação adequada, prática regular de atividades físicas e boa gerência psíquica é fundamental para tratar qualquer distúrbio hormonal. “Quem está mais sujeito a potenciais alterações hormonais é quem acaba fugindo do estilo de vida mais saudável”, diz ele.
O diagnóstico de um possível desequilíbrio hormonal é feito com base em exames de sangue e sintomas clínicos que variam de acordo com o hormônio em questão. Uma vez que o problema é descoberto, o tratamento deve começar com a adoção de um estilo de vida saudável e o uso de medicamentos.
De acordo com Dr. Lucas Caseri, é preciso investigar a causa do distúrbio, ou seja, entender qual glândula não está cumprindo seu papel adequadamente no sistema endócrino. “Estamos falando de um dos sistemas mais bonitos e mais complexos do organismo humano, que funciona como se fosse uma orquestra. São vários instrumentos tocando ao mesmo tempo e todos eles têm que estar na frequência, no tempo e no tom adequados”, explica.
Quando se descobre que alguma glândula não está produzindo um hormônio que deveria, é possível prescrever remédios que substituam as substâncias em falta. Já quando o problema é o excesso de um hormônio, o tratamento pode ser um remédio que bloqueie a produção de determinada glândula, ou mesmo a retirada da glândula por meio de cirurgia.
Ainda na comparação com uma orquestra, Dr. Lucas explica: “se qualquer um destes um instrumentos sair do compasso, pode estragar a melodia. Ou seja: se faltar só um hormônio, ele pode desregular outras glândulas. Assim, é muito importante, na presença de qualquer sintoma, passar no médico para que ele possa fazer uma boa avaliação e pedir alguns exames complementares”.