As alergias são problemas de saúde muito comuns, mas que muitas vezes acabam negligenciados. Se em alguns casos elas provocam apenas sintomas leves, em outros podem ser bastante incômodas e até mesmo graves, comprometendo a qualidade de vida e exigindo tratamento. De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), cerca de 30% da população brasileira tem algum tipo de alergia, o que evidencia a relevância dessa condição como problema de saúde pública no país.
A alergista e imunologista Drª. Juliana Lima detalha que as doenças alérgicas são condições em que o sistema imunológico reage de forma exagerada a substâncias que entram em contato com o organismo pela via respiratória, pela pele ou até mesmo por ingestão. Essas substâncias podem ser bastante variadas e são chamadas de alérgenos. Alguns exemplos de causadores comuns de alergia incluem os ácaros presentes na poeira, os fungos, certos tipos de medicamentos, os pêlos de animais domésticos, nozes de todas as variedades, a picada de um inseto, certos tipos de plantas, alguns frutos do mar, o pólen das flores e alguns metais, como a prata.
“Muitas pessoas sentem a alergia na pele, apresentando erupções cutâneas, bolhas, vermelhidão, coceira intensa e inchaço, enquanto outras sentem sintomas respiratórios, como coriza constante, espirros, tosse, chiado no peito e dificuldade para respirar, causados pela alergia respiratória”, explica.
Dependendo da sensibilidade da pessoa em relação à substância, ela pode entrar em um processo chamado anafilaxia. “Essa condição é uma ameaça à vida. Quando um indivíduo possui uma hipersensibilidade grave assim, deve carregar consigo medicamentos que aliviam os efeitos da reação alérgica grave”, alerta a médica. “É obrigatório que todo alérgico tenha um plano de ação rápida caso entre em contato com o alérgeno. Esse plano de ação pode salvar uma vida”.
Alergia e intolerância são condições distintas
A médica alergista e imunologista Drª. Juliana Lima pontua que as alergias são reações do sistema imunológico contra substâncias que o corpo identifica como “inimigas”. Como já citamos, esse contato pode ocorrer por diversas vias e gerar sintomas em diferentes partes do corpo. Já as intolerâncias são uma resposta do sistema digestivo a certos alimentos, que podem causar sintomas como, dor abdominal, inchaço ou diarreia.
A alergia ao leite, por exemplo, envolve mecanismos imunológicos contra as proteínas do leite, enquanto a intolerância é um processo relacionado à falta da enzima responsável pela digestão do principal açúcar do leite, a lactose. “Sendo assim, o termo ‘alergia à lactose’ é erroneamente utilizado”, aponta a médica. Muitas vezes, no entanto, os sintomas das duas doenças podem se confundir.
Deve-se lembrar, ainda, que as alergias são mais comuns na infância, enquanto que a intolerância geralmente se manifesta em crianças maiores e adultos. “Enquanto o intolerante pode consumir derivados de leite em quantidades pequenas sem reações, o alérgico a leite deve ter sua dieta isenta de toda e qualquer proteína do alimento”, destaca Drª Juliana.
Métodos de diagnóstico e tratamentos têm evoluído
O diagnóstico de uma condição alérgica, de acordo com a Drª Juliana Lima, pode ser feito por meio de exames de sangue ou através de um teste cutâneo, em que uma pequena quantidade da substância suspeita de causar a alergia é aplicada na pele para observar se ocorre uma reação. Em alguns casos, o médico alergista, pode pedir testes mais específicos, como testes de provocação, em que a substância é ingerida ou inalada sob supervisão médica.
Já os tratamentos das doenças alérgicas podem ser feitos com medicamentos como anti-histamínicos, corticosteróides e broncodilatadores. Também são importantes as mudanças no estilo de vida como forma de evitar o contato com a substância causadora do problema. Em alguns casos, a imunoterapia, conhecida como “vacina contra alergia”, pode ser recomendada para reduzir as reações alérgicas e controlar os sintomas, sendo a única forma de mudar o curso natural de uma doença alérgica.
Drª. Juliana conta que embora não haja cura para muitas doenças alérgicas, como a rinite e a asma, é possível controlar os sintomas e prevenir as reações mais graves. “Com o tratamento adequado e evitando o contato com a substância causadora da alergia, muitas pessoas podem viver sem sintomas e com uma boa qualidade de vida”, diz ela. A especialista lembra, ainda, que é importante seguir as orientações médicas e buscar ajuda sempre que necessário para gerenciar as crises e ter uma vida saudável.