Um diagnóstico de câncer é, sem dúvida, um choque para qualquer pessoa. No entanto, a doença, que já foi vista como mortal, hoje pode ser tratada com uma série de recursos, possibilitando bom prognóstico. No caso do câncer nos órgãos reprodutores femininos, a realidade também é essa. De acordo com o cirurgião oncológico Dr. Rafael Leite Nunes, a tecnologia já permite uma série de tratamentos pouco invasivos e com bons resultados, com chances de cura que podem chegar aos 90%[1] em alguns casos.
O especialista ressalta que as mulheres podem ser afetadas por variados tipos de neoplasias (cânceres) no trato ginecológico. Entre as mais comuns, estão as neoplasias de endométrio, de ovário e do colo uterino. O câncer de colo uterino, em algumas populações, ainda é a neoplasia ginecológica mais comum, acometendo principalmente mulheres na quarta década de vida e tendo como principal fator de risco o HPV. O câncer de endométrio, por sua vez, é mais comum em mulheres nos pós-menopausa, entre quinta e a sexta década de vida.
Dr. Rafael destaca que a cirurgia tem papel fundamental no tratamento dessas pacientes. “Contamos hoje com técnicas que nos auxiliam no diagnóstico de forma precisa, porém menos invasiva. Nesse sentido, a laparoscopia é um via de acesso segura, bem difundida e com uso cada vez mais disseminado”, explica. Ele pontua, no entanto, que em alguns casos, a depender do tamanho do tumor, não é possível adotar esse método. “A cirurgia robótica também vem crescendo nos últimos anos por permitir procedimentos mais seguros, visão tridimensional e mais ergonomia para a equipe”, acrescenta o médico.
O especialista lembra, ainda, que o câncer em geral é uma doença a ser tratada de forma multidisciplinar, por uma equipe de oncologistas, cirurgiões oncológicos, radioterapeutas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, entre outros profissionais. “Estamos falando de uma paciente que muitas vezes realiza uma cirurgia de grande porte, portanto deve se preparar em termos de reserva funcional e nutricional. Após essa fase, deverá, em muitos casos, fazer algum outro tipo de tratamento, que pode envolver quimioterapia e radioterapia”, detalha. “Todo esse processo interfere no dia a dia dessas pacientes, no emocional, na forma de se relacionar com a vida e com as demais pessoas. Não à toa, a grande maioria dos centros oncológicos hoje discute os casos em reuniões multidisciplinares”, afirma.
O percentual de cura, que é elevado em alguns casos, depende da fase em que é feito o diagnóstico, de acordo com Dr. Rafael. “O câncer de colo de útero com diagnóstico em fases iniciais pode ter altas chances de cura, maiores que 90%. Por isso a importância da realização de exames preventivos”, lembra. Ele observa que para alguns tipos de câncer, entretanto, ainda não temos meios adequados de rastreio para o diagnóstico precoce, como é o caso do câncer de ovário. Já para outros tipos, como para o câncer de colo uterino, temos formas de rastreio e diagnóstico precoce eficientes como o exame de Citologia Cérvico-Vaginal, o famoso “Papanicolau”. O médico acrescenta, ainda, que em muitos casos já é possível pensar em procedimentos cirúrgicos que tratem o câncer preservando a fertilidade da paciente!