A flexibilização da economia permitida pelo Plano São Paulo, por meio da liberação gradativa de atividades conforme a situação das regiões do Estado diante da pandemia do coronavírus, “poupou” 18 mil empregos na região administrativa de Campinas (SP), segundo dados obtidos pelo G1 com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. O economista da PUC-Campinas Roberto Brito de Carvalho, contudo, faz ponderações sobre as garantias de preservação dos postos de trabalho.
O total de vagas equivale a 5,6% entre as 318 mil contabilizadas no Estado, de acordo com estudo realizado por pesquisadores da USP e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
A área administrativa considerada, explica o governo, é formada por 42 municípios divididos entre as regiões Metropolitana de Campinas, Circuito das Águas, Jundiaí e Bragança Paulista, com população aproximada de 4,4 milhões. A estimativa, diz o levantamento, considera vagas mantidas desde junho.
A região de Campinas está na fase amarela desde o dia 8 de agosto. De acordo com a assessoria do Estado, a pesquisa não detalha a quantidade de empregos “poupados” por município paulista.
Critério e ponderações
O estudo comparou quantos empregos seriam perdidos caso todas as regiões estivessem na fase mais restrita da quarentena (vermelha) com as etapas mais permissivas (laranja e amarela). Por enquanto, 86% da população dos municípios paulistas estão em áreas inseridas na fase amarela.
Fragilidade
O economista da PUC-Campinas Roberto Brito de Carvalho faz ponderações sobre o resultado do estudo. Para ele, há riscos em se atribuir a flexibilização da economia à manutenção de empregos.
“Há dúvidas se foram mesmo preservados, uma vez que as empresas que agora estão reabrindo não necessariamente a médio e longo prazo. Além disso, o fato delas ofertarem produtos ou serviços não significa dizer que o consumidor via adquirir, seja em função da insegurança ou indisponibilidade de renda. Isso precisa ser analisado, para que não seja tentativa de endossar uma flexibilização questionável […] Não podemos justificar a abertura pelos empregos salvos, sem falar dos empregos perdidos pela retração então”, falou ao ponderar sobre números ainda preocupantes da pandemia.
O G1 tentou contatou por telefone com o economista Eduardo Haddad, que lidera a pesquisa e integra o Conselho Econômico que assessora o Estado na pandemia, mas não houve retorno até a publicação.
Perfil no Estado
Em relação ao total verificado pela pesquisa, 69,4% dos postos mantidos pelo Plano SP seriam de oportunidades com carteira assinada, enquanto 30,6% são informais. “O estudo também revelou que 45,8% das vagas preservadas são para ensino fundamental incompleto ou completo, 35,4% completaram o ensino médio e outros 18,8% têm ensino superior completo. Em relação ao nível de renda […], 75,9% dos postos são de trabalhadores com ganhos de até três salários mínimos”, diz nota.
Fonte: G1